02 abril 2007

Negras rimas





No branco do papel criei fogo com a ponta de um pincel.
Amei a alma, odiei a calma, furei o mundo com ternura.
E com um pouco de loucura, apaguei o sol e a lua.
Fugi daqui, fui para ali, saí do tempo, entrei no fim.
Pintei de vermelho o céu e pontuei de azul fingindo estrelas.

Parei as horas, parti ponteiros,
ouvi segundos rasteiros a segredar que me adoras.
Fingi ser criança, borboleta, andorinha...
...libelinha bailando em pontas por tras do pano,
rodopiando, sorrindo.
Imprevisível desalento, contentamento, mistura estranha...
Doce amargura que vicia.

Rasgos de caminhos eternos,
linhas da mão tatuadas, destinos, palavras de cigana.
Negras rimas, tambores, dialecto ilegível.
Transformo-me em qualquer um, em qualquer coisa...
Num só ou em dois ao mesmo tempo.
Em ti e em mim...sozinha!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Este é sem dúvida o meu preferido...de entre tantas palavras lindas que preenchem este teu espaço, identifico-me bastante com muitas destas frases.

"Amei a alma, odiei a calma, furei o mundo com ternura."

"Fugi daqui, fui para ali, saí do tempo, entrei no fim."

Adoro a foto acho que tem tudo a ver com cada verso, é só interpretar. Uma estrada longa, “um caminho eterno”. Um portão que pode ser um fim, ou o início de algo.
Enfim, não digas que os poetas não se compreendem, palavras destas tem sentido a mais para ficarem por compreender.

Neste blogg deixas que te descubram (quero ler tudo lol), em cada palavra se vê sentimento, parabéns como já te disse tens mesmo o dom da escrita.

Bjinhos continua...

"Zé Costa"