25 novembro 2009

Segurança




A SEGURANÇA TRAZ-ME INCERTEZAS. VIVO NO PLENO FOGO DA VIDA E NO ALTO DE MONTANHAS. DESCONFIO DAS CORDAS QUE ME SEGURAM NA ESCALADA. FICO SEM SABER SE SUBO SEM CORDAS, COM MEDO DE CAIR, DE VOAR...OU SE SUBO SEGURA E GRITO E RIU DO MUNDO LA EM CIMA!
SINTO A FALTA DA QUEDA LIVRE SEM PARAQUEDAS NAS COSTAS E DAS PEDRAS NO CAMINHO...FÁCIL DEMAIS!
PRECISO OUTRA VEZ DO MEDO, DAS TEMPESTADES E DO MUNDO TODO DO AVESSO. A SEGURANÇA TRAZ-ME INCERTEZAS PORQUE NÃO SEI VIVER SEGURA!
VIVO NA PONTA DO MUNDO, EM BICOS DOS PÉS, SEM SABER SE SALTO OU SE FICO, SE CAIO OU SE VOO, SE ME SENTO...
TRAZ-ME DE VOLTA O SALTO NO NADA E O FOGO INTENSO. TRAZ-ME COM CARINHO...TRAZ-ME DEVAGAR...FICA COMIGO , EM BICOS DOS PÉS, NA PONTA DO MUNDO...SEM CORDAS, SEM ARNÊS, PRONTOS PARA SALTAR, VOAR...OU CAIR. EU JÁ SEI CAIR DE PÉ!

Tango






O tango...
Viver como quem dança o tango.
Rosas vermelhas amordaçando palavras,
Passos fortes, quentes, intensos,
o calor...
Batidas rápidas e endurecidas de um tempo só,
Ritmo quente, mãos, braços, corpos...
Música que percorre o corpo, estremece,
arrasta-se pelo chão, rodopia...
Movimentos bruscos,
olhares misteriosos lançados em flecha.
O preto...
O vermelho...
Compassos de dois por quatro entre suspiros!
"Pensamento triste que se dança" dizia Discépolo.
Paixão dançada, sentida com força, mostrada.
Tela de cinema,
palco onde ardem corpos,
Fogo latino.
A  TENTATIVA, SEM SUCESSO, DE TER POUCO...
UMA ÁRVORE A NASCER, A CRESCER, RAÍZES FUNDAS...
SOU O RIO QUE CORRE APRESSADO E BATE, E MÓI, E CORROI AS PEDRAS NO CAMINHO.
SOU O VENTO FRIO, HÚMIDO, BRISA SALGADA A CHEIRAR A MAR.
SOU O MAR E OS SEUS TESOUROS.
SOU O MAR ONDE EU MESMA NAUFRAGO E AFUNDO SEM ESFORÇO, SEM TENTAR SUBIR, SEM SUSTER O AR...
NÃO RESPIRO E EXPIRO...SÓ EXPIRO...
SOU O MAR REVOLTO A BATER NA FALÉSIA E SOU A LUTA INFINITA DE NÃO QUERER MAIS, DE NÃO TER MAIS, DE QUERER SABER PORQUÊ!
SOU TUDO E NÃO SOU NADA.
FORÇA DA NATUREZA, FURACÃO, MAREMOTO, SEM FORÇA NENHUMA!


24-11-09

19 novembro 2009

Guerra dos Mundos







     Voltas e voltas, espirais e uma vida que cria caminhos confusos, cruzados sem referências.
Andei, talvez, fora da minha órbita e fiz movimentos à volta da estrela errada. Entrei na galáxia ao lado e choquei com cometas que me desviaram da rota certa, que fizeram crateras, muitas crateras na minha pele. Descontrole total!!
     Não fui eu e conheci tentativas e investidas absurdas, inúteis...humilhação...
Que andava eu a fazer??
Agora, voltanto à minha rota e traçando caminhos, encontro as estrelas que fazem realmente parte do meu universo.
Fui o planeta errado durante o tempo e mudei as cores do mapa mundo. Oceanos lilás onde nasciam cordas vocais, notas de música...
O solo foi a lava fresca, quente, a fervilhar, negra, encarnada, onde nada vive...onde tudo arde...
De volta à minha órbita devolvi as baleias aos oceanos e o verde, e o barro aos solos onde nascem flores.
Devolvi a mim mesma o sol do meu país e as pedras da calçada.
A minha cidade, a minha janela...
Eu outra vez, agora contigo. 

18-11-09

15 novembro 2009

Freaks

Uma diferente forma de vestir? Não!  Uma diferente forma de viver...




  Uma forma de viver julgado pela maioria dos comuns mortais, porque o normal é ser igual a toda a gente e a felicidade está na rotina diária, agitada, urbana...do séc XXI. E porque ser diferente é diferente e porque normal é o comum...
   Parece isto uma realidade internacional na cabeça dos portugueses mas não é...
Não entrarei com números e estatísticas, com análises psicológicas ou razões sociais ou económicas porque quero apenas a minha própria análise e mostro apenas o bocadinho do meu mundo, onde esse modo de vida se apresenta como ideal.
Falo-vos aqui, não de uma forma de vestir mas de um modo de encarar e viver a vida. Falo-vos aqui das pessoas a quem chamamos freaks (nome estupidamente escolhido porque louco é aquele que vive sem nunca ter dito "olá" à vida).
    Um nascer e um por-do-sol, uma gruitarra, uma fogueira e um grupo de amigos ganham porpoções astronómicas. Viagens pelo mundo constroem um diploma de doutoramento baseado em pessoas, em sentimentos e em batidas cardíacas... E o que é a vida além disto??
    Pergunto-me se não serão estas as pessoas que conhecem o verdadeiro significado da palavra vida e se não serão elas as únicas a poder ensinar algo sobre a mesma!
Não sei onde começou nem onde e quando acabará, nem sei se estão certos os pensamentos que passo para a tinta preta desta caneta. Sei que é este o meu ideal de vida e acredito que é a isso que se pode realmente chamar viver.
    Não é uma forma de vestir...é transformar a vida em música, em estrelas, em fogo, em sol e em lua, em sorrisos absurdos... É viver com tudo o que realmente nasceu conosco e não com o que criámos depois. É viver descontrolado e isso é bom!!! Muito bom!!
    É voltar às origens e ser origem, é sentir, respirar, cair e levantar...
Não é uma forma de vestir, é uma atitude perante nós mesmos!!

11 novembro 2009

Burburinhos




Burburinhos...
Acabaram os silêncios.
Burburinhos que me incomodam
Palavras estranhas,
dialectos desconhecidos,
em burburinhos...
Pensamentos em espirais!!
Um mundo novo com burburinhos,
com pedras no caminho,
frases sem pontos finais,
burburinhos...!
Nós que não desatam,
linhas de silêncios,
corda de circo sem rede,
pedras no caminho,
burburinhos...