07 julho 2011

Apercebo-me



Apercebo-me derrepente que  perdi a vontade dos saltos sem paraquedas.
Apercebo-me que mudou repentinamente algo na minha vida.
Reparo que quero mais que isso, que sou mais que isso, e tudo isso é tão simples, tão banal…
Apercebo-me que vivi na ponta do mundo e de bicos dos pés saltei para o nada…
Esperei sempre cair, sem rede, sem arnês…e vejo agora que algo me segurava na queda.
Apercebo-me derrepente que tudo na minha vida se resume a uma coisa só. A ti. A querer estar contigo. E que todas as lições que aprendi, e que todos os erros que cometi me serviram para ter a certeza tão absoluta que tenho agora dessa vontade.
Não me queres…
Não sei se voltarás a querer-me, mas a certeza de te querer para sempre é maior do que qualquer independência, do que qualquer loucura, do que qualquer paixão ou vontade que tenha tido algum dia.
Apercebo-me derrepente que tudo o que achava impossível aconteceu e que as imagens que vi tantas vezes na minha cabeça começam a tornar-se vontades reais.
Reparo que o "não" que disse que te daria um dia, se tornou num "sim" tão certo como a luz do sol mas que és tu quem tem agora que me dar.
Um empurrão talvez…
A certeza absoluta de ficar aqui, de pé, no meio do caminho, até abrirem a porta para poder seguir em frente.
Apercebo-me que não preciso de mais nada se não da minha vida contigo.
Perco o sentido dos rios apressados e das orbitas erradas. Atiro pedras à lua.
Esqueço-me dos saltos no nada e da vida do avesso. É tudo tão certo, tudo tão verdadeiro.
Não desistas de mim, não desistas de nós.
Não me importa as derrotas, nem as vitórias de antes porque as deixei no caminho.
Cheguei ao fim da torre do meu castelo e falta uma pedrinha só.
Um novo ciclo, talvez.
Apercebo-me que tudo o que julgava ser e querer não sou mais, não quero mais.
Quero a segurança que me trás tantas incertezas. Quero ser criança contigo. Apercebo-me que transformo agora os silêncios em gritos desesperados de palavras ocas. As palavras impossíveis de escrever são agora olhares que sei que entendes. São a minha pele, a minha boca, todo o meu corpo em chagas.
Não fujo mais de mim mesma porque já sei que corro mais depressa e abro os olhos de toda a cidade para contar o que sinto, para contar quem sou.
Esqueço-me das borboletas na minha barriga porque elas estão lá, calmas e pousadas em flores que nascem de cabeça para baixo, porque não precisam mais dos furacões nem dos sonhos sem sentido.
Espero e respeito mas não desisto, nunca desisto. Porque é tudo tão certo. A certeza…a certeza absoluta sem que o mundo precise parar.
Uma palavra com A que não chega…não existe outra. Existo eu, e só eu te posso dar a certeza.
Uma vida, na ponta do mundo, num farol, onde o mar calmo constrói esculturas na rocha dura e onde todos os dias o sol diz bom dia a cada pedra que deixei no caminho. Tudo tão claro. O céu de ébano e a lua marfim...sempre...


AMO-TE

JS

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